Nas últimas semanas, a Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) protagonizou embates em torno do PL 504/2020. De autoria da deputada estadual Marta Costa (PSD), o projeto visava proibir a veiculação de peças publicitárias que mencionassem a diversidade sexual. Após intensa manifestação nas redes sociais, uma emenda apresentada pela deputada Erica Malunguinho (PSOL) esvaziou o projeto de seu teor discriminatório no dia 28 de abril.
A vitória da mobilização contrária ao projeto pode ser explicada pelo comportamento das redes sociais. Entre os dias 14 de abril e 3 de maio, a plataforma de Social Listening da A Estratégiaanalisou o uso das hashtags #abaixopl504, #RespeitaHumanidadeLgbt e #PropagandaPelaDiversidade em três redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram. Essas hashtags resumem a campanha iniciada assim que o projeto foi pautado pela primeira vez.
Como fica claro neste episódio, a difusão das redes sociais ocasionou uma dinâmica própria na pressão exercida sobre o Executivo e o Legislativo. Cada vez mais, cidadãos não estão vinculados a grupos organizados – como associações e sindicatos – mas representam os próprios interesses frente às mudanças políticas. Nesse contexto, a ação coletiva surge nas interações em plataformas como o Twitter e o Instagram.
A mobilização por meio das redes sociais não se restringe a perfis de cidadãos. Ao contrário, um número crescente de empresas tem defendido mudanças que são caras aos seus consumidores. Cidadãos engajados esperam que as empresas apliquem seus poderes políticos e econômicos – e de alcance das redes sociais – para pressionar o Executivo e o Legislativo. No momento em que os papeis de cidadão e consumidor se confundem, empresas veem oportunidade para a construção de uma imagem condizente com seus valores. Por exemplo, a mobilização contrária ao PL 504/2020 contou com a atuação de empresas como TikTok, Natura, Gol, Imaginarium, MasterCard e Nestlé, entre outras.
Apesar de positivo, o posicionamento empresarial em debates políticos deve ser coerente e constante, sob o risco de soar oportunista. Por um lado, cidadãos querem direcionar o consumo para marcas que compartilham de seus posicionamentos. Por outro, 72% dos cidadãos desconfiam da autenticidade das marcas quando abordam a diversidade (pesquisa Insights & Data Analytics). Assim, a leitura do sentimento das redes sociais e a identificação de oportunidades para manifestação se tornam ferramentas essenciais para a construção de uma imagem coerente por parte das empresas.
Sobre A_Estratégia
Por meio de Social Listening, ajudamos os nossos clientes a compreender o mundo ao seu redor, amplificando as conversas e os temas em pauta no ambiente digital para identificar insights, oportunidades e tendências.
Nenhum comentário, comente abaixo!